domingo, 16 de março de 2008

Análise funcional de 8 m2 . O meu quarto.



Hall+3 quartos + cozinha com dispensa + sala de estar+ biblioteca+ escritório+idiota
Vista espectacular em zona tranquila. Boa localização
16 000 yens com despesas.
disponivel a partir de 24 de Março

sábado, 15 de março de 2008

Aos 24 anos 9 meses e 10 dias

50 horas depois de ser contratado por dois anos.

Espero que nesta dimensão a superstição não conte, pois estou a escrever um bocadinho antes de tempo. Ainda não assinei papel nenhum, mas segunda feira começo a trabalhar. E como tal sucedeu? pois que tenho uma ideia mas ainda estou beliscando-me diariamente. Passo então a explicar as minhas beliscadelas. Quando cheguei cá, não tinha intenções de trabalhar, mas todos a minha volta tinham. E todos a minha volta acabaram por o fazer nas seguintes condições.

Salário= zero Trabalho= 12horas x 6 dias = 72 horas por semana.

A isto eu já chamo ser escravo por vontade própria.

Mas pior:

Despesas de deslocação até ao atelier 5 euros por dia + 10 euros de almoço e jantar de fast food. 15 eurosx24 dias = a

360 euros por mês é o que estas pessoas a minha volta estavam a pagar para trabalhar. As ideias do Karlitos, que tanto ouvi em mais gaiato ecoavam todos os dias perguntando a esta gente; o que raio estavam a fazer! Que racionalidade é que isto tinha? As palavras de conformismo "Its the way it works , maaan" só me faziam pensar nos ossos do dito Karlitos chocalhando remoendo-se de não estar vivo hoje. As estrelas do mundo Pop que já não fazem casinhas põem e dispõem de pessoas, de sonhos e de admirações cultivadas em anos e anos folheando páginas das revistas cor de rosa. Quando decidi ficar por cá percebi que "its the way it works, man" é mesmo um sistema. Escolhi não ser escravo por vontade própria, sequei pratos e servi respeitosamente água e comida a escravos por vontade própria, mas fui pago antes mesmo de despir o avental.
No dia a seguir tinha uma entrevista, a única que tinha marcada, numa semana onde enviei a minha vida impressa em formato digital. Ninguém respondeu ao chamamento dos mails. A entrevista foi conseguída pelo já velhinho telefone com uma ajudinha relações pessoais e "latim". Tudo se quer por mail mas pessoas ainda não confiam em letras. Ao vivo a coisa funciona melhor, e então com um tuga e um Colombiano la se marcou a entrevista. Quinta-feira 13 de Março ás 13:15 lá estava eu á porta do atelier. Houve o senão de a entrevista só ser ás 14:00 , por isso lá se foi a dieta de nicotina a que me estava a habituar. Entrei de vida debaixo do braço, a única que tinha impressa pois não tive dinheiro para imprimir e encadernar mais. Pergunta aqui , pergunta ali... Rispida patroa boasona... Antes de sair perguntarem-me se poderiam ficar com a minha vida impressa em Papel A3 ... a unica que impressa.... resposta ... " sure, sure, i printed more for the interviews ". Às 15 estava a tomar um café, pensando que tinha corrido bem mas o que ia fazer agora que não tinha portfolios. Ás 15:10 telefonou-me a patroa , "can you come back"... Lá voltei , rispidamente ouvi "we want to hire you, 250 000yens a month for no less than 2 years , starting monday" ,( e eu que pensava que estavas frases so vinham em guiões ) sem me aperceber, um tímido "yes" escapou-me , lá disse que sim , com aquele tímido "yes" muita decisao ficou tomada. Escolhi não ser escravo por vontade própria , tive medo se ser arrogante nessa decisão, sequei uns pratos , servi uns escravos, mas em 5 dias consegui, cá estou, ainda sem dinheiro mas feliz.

segunda-feira, 10 de março de 2008



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